06/06/2016

(Falando sério)


Falando sério!
- © Lenise M. Resende -

Nasci no dia 18 de janeiro, Dia Internacional do Riso. Sou de Capricórnio, e a maior característica das pessoas desse signo é a seriedade. Como a seriedade capricorniana não significa falta de humor, alguns humoristas brasileiros são desse signo. Mas, já que não acho graça em programas de humor, não sou fã de nenhum deles.

Apesar da seriedade assumida, sempre me considerei uma pessoa bem humorada, já que costumo rir dos contratempos do dia a dia. Só que existe uma grande diferença entre o considerar e o ser. E, sem que eu percebesse, na maior parte do tempo o humor deprimido é que predominava em mim. Sendo assim, foi com surpresa que descobri ser portadora de distimia, uma forma crônica de depressão, que foi reconhecida pela medicina nos anos 1980.

Assim como outras doenças, a distimia se manifesta de diversas maneiras, e a intensidade dos sintomas pode oscilar. Por isso, durante um período de remissão dos sintomas, me descuidei e interrompi meu tratamento. Agora, após uma recaída, estou retomando e, por esse motivo, tenho ficado pouco tempo no computador.

Para minha família, esse assunto não é novidade. Somente os amigos poderão se surpreender, pois raramente falo sobre isso. E, se agora estou falando, é por ter notado que a distimia ainda é pouco conhecida. Não há exames de laboratório ou radiografias que atestem sua existência. Aquele que é portador, sente o que tem, mas não pode mostrar aos incrédulos que o rodeiam. E isso o torna um alvo fácil dos conselheiros de plantão.

Um tratamento mais prolongado para qualquer tipo de depressão costuma despertar sentimentos negativos. O que não ocorre com o tratamento prolongado de outras doenças como hipertensão, diabetes ou asma. Colocar dúvidas sobre a capacidade de uma pessoa decidir o que é melhor para ela, não irá melhorar sua autoestima.

De boas intenções o inferno está cheio! - alertou São Bernardo de Claraval. Quem nunca teve depressão, não sabe a tortura que é ler determinadas mensagens com dicas, conselhos ou fórmulas mágicas. Acredito nas boas intenções de quem as escreve e na de quem as repassa. O que acho difícil é que essas pessoas acreditem o quanto elas podem ser dolorosas de serem lidas.

Se conselho não adianta, parece difícil, então, dar apoio aos distímicos e deprimidos. Se a pessoa já está em tratamento médico, só duas sugestões me ocorrem: paciência e respeito. Amor, carinho e outras formas de afeto, também, é claro!

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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Um comentário:

Anônimo disse...

rubem cabral disse...

Bem interessante, Lenise. Você poderia comentar um pouco mais sobre a distimia? Ou apontar alguns links?

Tive depressão por uns meses, mas a causa foi externa, motivada por uma separação gerada pela burocracia de vistos de residência. Fiquei assustado com a paralisia, a apatia que me acometeu...

Desejo sinceras melhoras!

sexta-feira, agosto 31, 2012