14/03/2016

(Mutismo)


Mutismo involuntário
- © Lenise M. Resende -

A distimia, também conhecida como o mal do humor, é um tipo de depressão que é menos intensa do que a chamada depressão maior, porém mais prolongada. Assim como outras doenças, ela se manifesta de diversas maneiras, e a intensidade dos sintomas pode oscilar. Porém, por ser crônica, frequentemente causa danos e perdas consideráveis na vida de seu portador. Por exemplo: uma dor de cabeça pode ser fraca ou forte, mas ninguém deseja viver com uma dor de cabeça permanente seja lá qual for a intensidade dela.

O termo distimia tornou-se um termo popular após esse tipo de depressão ser classificado na 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica Americana (DSM.III), em 1980. Porém ainda é pouco conhecido pelos leigos em medicina.

Como os sintomas nem sempre são identificados e tratados adequadamente, costuma-se dizer que a distimia provoca uma dor silenciosa.

Como também é uma doença que não se mostra através de exames clínicos, costuma-se dizer que a distimia suscita uma dor invisível.

Ter uma dor que, além de ser silenciosa e invisível, é crônica, é arrasador.

A dor pode ser invisível, mas nós não podemos ser invisíveis: porque somos nós que damos visibilidade a dor. A dor pode ser silenciosa, mas nós não podemos silenciar: porque somos nós que expomos verbalmente a dor.

Mutismo ou mudez é a qualidade ou estado de quem não fala ou não quer falar. Mas, acabar com o mutismo involuntário, aquele que não depende da nossa vontade, é uma coisa necessária, se desejamos parar de transformar as dores emocionais em "dores reais". E se as denomino como reais é porque elas têm nome próprio, e são consideradas doenças. Diversas doenças clínicas, também chamadas de comorbidades, estão associadas à depressão. Uma delas é a fibromialgia, uma síndrome que se caracteriza por dor crônica em vários pontos do corpo.

As dores devem ser muito unidas, e conforme vão nascendo dão-se às mãos e se fundem. Juntam-se para formar uma só. Assim, uma dor vai puxando outra, que vai puxando mais outra. E gritar, gemer, ou reclamar só funciona como placebo para as pessoas que se sentem satisfeitas em se expressar dessa forma. 

Para quem prefere falar, escrever pode ser uma boa opção, quando não há com quem conversar. Escrever é terapêutico. Falar ou escrever sobre dor pode não diminuir sua intensidade, mas pode deixá-la mais compreensível, e até mesmo mais suportável.

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Nota - Crônica filosófica (reflexão a partir de um fato ou evento)
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